top of page

Ladainha
Dimensão espiritual da música

Ficha Artística e Técnica

Intérpretes/Criadores

Antony Fernandes

Carmina Repas Gonçalves

Daniela Leite Castro

Joana Leite Castro

Tiago Manuel Soares

Agradecimentos

Câmara Municipal do Fundão

ADXTUR- Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto

Rancho Folclórico da Casa do Povo de Souto da Casa

Junta de Freguesia de Lavacolhos

Miguel Rainha

Albano Soares

Anabela Fians

José “Judas”

Captação e edição de imagem

Abel Andrade

 

Captação, edição e montagem de som

Daniel Santos

Elaboração de conteúdos pedagógicos

Carmina Repas Gonçalves

Direção Artística e produção

Projecto Cardo

Músicas

Verónica

Capinha, Fundão

 

Ladainha de Todos os Santos

Soalheira, Fundão

 

Aleluia

Telhado, Fundão

 

Moda

Póvoa da Atalaia, Fundão

Filmado em:

Barroca, Fundão

Souto da Casa, Fundão

Lavacolhos, Fundão

Apoio

Câmara Municipal do Fundão

Direção Geral das Artes

República Portuguesa

Fragmentos da Encomendação das Almas em Souto da Casa com a participação do grupo de Fatela e Procissão dos Penitentes em Lavacolhos filmado na Quaresma de 2023 pela equipa do Projecto Cardo.

Objetivos específicos

  • Aprender a solmizar usando a fonomímica Kodály

  • Aprender de onde vêm e para que servem os nomes das notas

  • Experimentar diferentes formas de fazer a mesma melodia

  • Experimentar cantar com diferentes organizações no espaço

  • Compreender e sentir a dimensão espiritual da música

  • Tomar contacto com a tradição musical da quaresma do concelho do Fundão

Sendo este vídeo focado em tradições religiosas populares e muito antigas, tem em si uma carga simbólica muito rica. Procurámos conferir-lhe um ambiente sério e de respeito para com as práticas religiosas, retirando a carga dos textos com referências muito concretas à quaresma e que para nós não faziam sentido manter neste contexto. Aproveitámos a oportunidade para fazer algumas referências à solmização, à mão de Guido e à utilização de nomes para as notas musicais porque foram criadas justamente em contexto litúrgico por um músico e teórico musical da Idade Média, nos primórdios da escrita musical como a conhecemos hoje. Decidimos também estabelecer uma ponte com a fonomímica Kodáli que recorre ao uso da solmização de Guido d’Arezzo mas com outros símbolos.

Ut quéant laxis

Hino do século VIII de que se serviu Guido d’Arezzo para nomear as notas musicais: Ut, Re, Mi, Fa, Sol, La. A nota si é acrescentada mais tarde à escala musical.

Ut que laxis.png

A mão de Guido

Método criado por Guido d’Arezzo para solmizar e organizar a prática musical da sua época. A nota si não era ainda utilizada. No século XI (tempo de Guido), a prática musical permitia o uso de apenas 6 notas cruzadas entre si de acordo com a extensão das melodias (grave/agudo) e com a organização de tons e meios-tons.

Mão de guido.png

Fonomímica Kodály

Zoltán Kodály foi um pedagogo musical Húngaro que sempre acreditou que a música tradicional e erudita podiam e deviam andar de mãos dadas. Utilizou um sistema simbólico para ensinar crianças a cantar que se baseia na solmização, mas com gestos maiores e mais claros que os de Guido d’Arezzo. Cada nota corresponde a um símbolo/posição, por isso a relação das crianças com a aprendizagem das melodias torna-se física, organizada e extremamente intuitiva.

mãos kodali.png

Solmização significa cantar uma melodia com nomes de notas reconhecendo os intervalos entre elas mas com o Dó móvel. Com este sistema, é possível compreender e memorizar intervalos sem ser necessário mudar de tonalidade, ao contrário do que se faz com o solfejo.

2.29.1_2.29_edited.jpg

Sugestões de exploração dos conteúdos do vídeo em casa ou em sala de aula:

 

  1. Primeiro dia. Com o grupo espalhado livremente pelo espaço, aprender a melodia e experimentar cantá-la ad libitum (sem pulsação) e com os olhos fechados. Podem cantar sobre um bordão, a solo, todos ao mesmo tempo ou em canon. A ideia é criar a oportunidade para cantarem completamente concentrados no som e na escuta. Podem experimentar fazer o exercício com grupos mais pequenos, alternando que canta e quem escuta.

  2. Segundo dia. Aprender a melodia solmizada com a mão e experimentar cantá-la atravessando a sala. Aqui sugerimos fazê-lo responsorialmente (alternando solista e grupo) organizados num xadrez apertado.

  3. Terceiro dia. Cantar a melodia em dois grupos de forma antifonal. Com um grupo de cada lado da sala, em linha, um deles canta, o outro repete; o grupo que não está a cantar caminha para o centro gerindo a velocidade e a distância que deve percorrer para que no fim possam cantar tudo juntos e em círculo. A música tem 3 frases, por isso devem tentar dividir o espaço uniformemente; mais tarde podem experimentar dividir o espaço de forma diferenciada para cada uma das partes.

  4. Quarto dia. Este ritmo falado criado por nós tem como objetivo preparar os alunos para o Quinto dia que é cantado e tocado num compasso irregular (7/4). É um ritmo intuitivo mas que traz alguma novidade à prática musical mais corrente. Devem aprender primeiro as sílabas e tentar dizê-las no tempo certo; depois acrescentar a percussão corporal; por fim dispor-se num círculo virado para fora (sem contacto visual); primeiro dizer e fazer o ritmo sem caminhar; depois acrescentar o passo para a esquerda cada vez que começa a frase rítmica (dum negue taki taki, dum negue taki taki); por fim definir uma estrutura em que se vai acrescentando informação (dum – silêncio 3x; dum negue – silencio 3x; dum negue taki - silêncio 3x; dum negue taki taki – 3x). É importante que se trabalhe a unidade rítmica (vocal e física) e a manutenção das posições em círculo (que é difícil porque estão virados para fora).

  5. Quinto dia. Começar por fazer exercícios de harmonia aleatória: em silêncio, respiram em conjunto e depois cada um canta a primeira nota que lhe vier à cabeça tentando não a corrigir quando ouve os colegas. Praticar várias vezes este exercício para que o início e o fim de cada acorde seja coordenado (o adulto pode ajudar com gestos, e depois até pode ser um aluno a dar o início e o fim de cada nota). Depois experimentar adaptar a melodia aprendida no Primeiro e Terceiro dias ao compasso 7/4. Através do uso de 3 elementos (melodia do Primeiro e Terceiro dias em 7/4, ritmo falado do Quarto dia e a harmonia aleatória do Quinto dia) criar uma estrutura organizada para torná-los uma música só.

  6. Sexto dia. Esta parte do vídeo e esta canção em particular, já pertence à parte luminosa da quaresma e da prática religiosa. É mais tranquila e leve. Devem começar por aprender a melodia solmizada e com a mão e depois acrescentar o texto. Tentar apelar à comunicação do grupo e sensibilizar para a mudança de ambiente; procurar uma alegria tranquila e interior que não precisa de ser exagerada mas que provoca bem-estar, que contagia e emociona quem ouve. Pode ajudar dividir o grupo em dois para que possam sentir o que se pretende como ouvinte e como executante.

  7. Sétimo dia. Aqui pretendemos um ambiente de festa e libertação. Podem aprender a canção e cantá-la livremente pelo espaço.

  8. Como exercício, pode ser interessante fazer os vários exercícios de seguida e criar uma espécie de ritual que parte de algo mais sério e contemplativo, que vai intensificando e que culmina em algo mais leve e libertador.

Textos:

Primeiro dia:

Ó vos omens

Ó vos omens

Qui transitis

Segundo dia:

Mi - Ré - Ut - Fá - Mi- Ré - Ré

Ré - Fá - Mi - Ré - Ut - Fá - Mi - Ré

Ré - Fá - Mi - Ut 

Ut - Mi - Ré - Fá - Mi - Ré

Terceiro dia:

Ó vos omens

Ó vos omens

 

Ó vos omens

Ó vos omens

 

Qui transitis

Qui transitis

Quarto dia:

Dum ne gue

Dum ne gue

Dum ne gue

Dum ne gue taki

Dum ne gue taki

Dum ne gue taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum

Quinto dia:

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

 

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

 

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

 

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

 

Ó vos omens

Ó vos omens

Qui transitis

 

Ó vos omens

Ó vos omens

Qui transitis

 

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

 

Ó vos omens

Ó vos omens

Qui transitis

 

Ó vos omens

Ó vos omens

Qui transitis

 

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Dum ne gue taki taki

Sexto dia:

Ut - Ré - Mi - Fá - Mi - Ré - Ut

Mi - Fá - Mi - Fá - Mi - Ré - Ut

Sol - Si - Lá - Sol - Mi - Ré - Ut

Mi - Fá - Mi - Fá - Mi - Ré - Ut

 

Ut - Ré - Mi - Fá - Mi - Ré - Ut

Mi - Fá - Mi - Fá - Mi - Ré - Ut

Sol - Si - Lá - Sol - Mi - Ré - Ut

Mi - Fá - Mi - Fá - Mi - Ré - Ut

 

Já apareceu, Aleluia!

Debaixo de um lírio branco.

Já ressuscitou seu filho!

Senhora tirai o manto.

 

Aleluia, já é festa

Já se canta o São João!

Correm todos em cavalos

Com canas verdes na mão.

Sétimo dia:

Não sei que mal fiz ao sol

Trai ai 

Que ele não vai à minha rua

 

Que não vai à minha rua

Quero-me vestir de preto 

Trai ai

Que de branco anda a lua

NOTA:

O texto da música foi alterado para melhor servir os objetivos do vídeo. Caso queiram ou tenham curiosidade em conhecer o original, não hesite em entrar em contacto connosco!

Produção:

Cardo logo.png

Parceiro institucional:

9-Digital_PT_4C_H_FC_MC.PNG
brasao_cmf_p.png
AX-versao-alternativa-horizontal-pos.png
bottom of page