Em terra seca
Búzios
As Bodas da Pulga e do Piolho
Criatividade, Cruzamento de linguagens, Improvisação
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- As bodas da Pulga e do Piolho -
Ficha Artística e Técnica
Intérpretes/Criadores
Antony Fernandes
Carmina Repas Gonçalves
David Saraiva
Tiago Manuel Soares
Expressão Plástica
David Saraiva
Captação e edição de vídeo e som
Abel Andrade
Captação de som e assistência de produção
Joana Lopes
Direção Artística e elaboração de conteúdos pedagógicos
Antony Fernandes, Carmina Repas Gonçalves e David Saraiva
Produção
Projecto Cardo
As Bodas da Pulga e do Piolho
Miranda do Doiro
Alvorada
Vinhais
Filmado no Ginásio Clube de Mafamude, Vila Nova de Gaia
Objetivos específicos
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Exploração e articulação de diferentes expressões artísticas
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Utilização de materiais comuns para criar personagens com o corpo ou com objetos
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Desinibição, improvisação e exploração da criatividade
Sugestões de exploração dos conteúdos do vídeo em casa ou em sala de aula:
Aquecimento
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Começar com um aquecimento físico para que o corpo fique mais disponível. Primeiro espreguiçar, depois massajar a própria cara e, da cabeça para os pés, rodar as articulações: pescoço, ombros, cotovelos, pulsos, anca, etc. O aquecimento é importante sobretudo para ajudar a acalmar e a concentrar o grupo.
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Fazer um pequeno aquecimento vocal. Começar por bocejar, respirar fundo várias vezes, passando para a realização de vocalizos simples com diferentes vogais (explorando a extensão da voz); fazer jogos de imitação sugeridos pelo adulto ou pelas crianças e trava línguas (como o “rato roeu a rolha da garrafa do rei da Rússia”, por exemplo). Uma boa forma de aquecer a voz e ajudar à desinibição é recorrer também aos sons dos animais. Numa primeira fase, o ideal é começar pela imitação (o adulto faz e as crianças imitam). É aconselhável recorrer a animais cujos sons têm maior número de vogais (como o gato, o pato, o cão ou o pinto) e evitar sons de animais com consoantes fortes e abundantes em rrr, como o leão, por exemplo. Depois, à vez, cada criança reproduz o som de um animal à sua escolha e os outros imitam. É importante que todos o façam.
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Após o aquecimento vocal, podem começar a explorar jogos de improvisação e desinibição. Os jogos de imitação de animais são formas muito simples de o fazer. Podem fazer jogos de pergunta e resposta entre animais (ex: um cão e uma vaca), explorar a forma como cada animal se move (ex: como é que se mexe uma cobra? Ou uma preguiça?). Sublinhamos que é fundamental que todas as crianças participem, mesmo que com a vergonha façam coisas muito simples. Com o tempo podem explorar também a representação de outras coisas como profissões, emoções, pessoas que conheçam, personagens de filmes, etc… As crianças podem ir tentando adivinhar o que os colegas estão a representar.
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Criar pequenas histórias ou situações para colocar as crianças a improvisar e a explorar a sua expressividade. Fazer pequenos grupos; cada grupo decide as suas personagens e constrói uma pequena história (personagens, local, ação a desenvolver); explicar que devem ser coisas simples como um grupo de pessoas num concerto, uma ida ao supermercado, uma viagem de avião, etc); depois experimentam improvisar sobre o que decidiram; por fim mostram à turma o que prepararam. Podem todos tentar adivinhar o que é. É interessante que, numa fase de maior à vontade e depois de várias aulas a criar situações deste tipo, existam momentos de conversa e crítica construtiva relativamente ao seu trabalho e ao dos colegas. A ideia é que vão tomando consciência de pequenas regras para estar em cena: falarem ou emitirem som, um de cada vez, evitar estar de costas para o público, projetar bem a voz, falar devagar, tentarem não estar distraídos enquanto apresentam ou enquanto assistem (até para depois poderem dar opinião sobre o que viram ou sobre o que fizeram), expressarem-se com clareza e determinação, etc.
A história
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Escolher uma história adequada à idade das crianças. Nós escolhemos uma canção tradicional com vários animais, (“As Bodas da Pulga e do Piolho”), mas estas propostas podem funcionar com qualquer história desde que tenha muitas personagens. A mesma deve ser lida com calma às crianças e todas as dúvidas e/ou palavras difíceis devem ser esclarecidas.
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Após a leitura, distribuir as personagens pelas crianças. O professor fica com o narrador. Se houver necessidade, pode ser atribuída a mesma personagem a mais do que uma criança. Cada criança (ou grupo de crianças) fará o som ou ruído do seu personagem quando esta aparecer na narração da história.
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Mantendo as personagens distribuídas no ponto anterior pode ser adicionada a mímica; numa primeira fase apenas em silêncio, depois a criança deve acrescentar o som da personagem. Ir agilizando a articulação entre as personagens até se tornar natural. À medida que se for tornando mais fácil, pedir às crianças que se mantenham na personagem ao longo de toda a história participando de forma mais evidente quando a mesma é chamada pelo narrador. Podem experimentar ir trocando de personagens.
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Apelando à criatividade e autonomia, incentivar as crianças a criarem uma pequena encenação. O discurso indireto continuará a ser da responsabilidade do adulto. Este deverá dar o máximo de liberdade às crianças, dando apoio apenas quando necessário. No fim desta exploração, é interessante criar um novo momento de reflexão e discussão sobre o trabalho desenvolvido com o objetivo de melhorar a clareza da representação da história.
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Caso se tratem de crianças de primeiro ciclo ou mais velhas, à medida que o texto do narrador se for tornando familiar, pode-se desafiar uma criança (ou várias) para tomar o lugar do adulto. Aos poucos eles vão conseguir tornar-se autónomos.
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A partir da história original, sugerir que as crianças criem novas personagens, falas e ações para as mesmas. O objetivo é que possam dar azo à imaginação. Não importa se é muito disparatado. Aliás, é excelente se as crianças sentirem que têm liberdade para serem “patetas” e descabidas em frente aos colegas, sem constrangimentos.
Outros recursos
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Como referimos, esta história é também uma canção. Assim, sugerimos que aproveitem esse recurso no seguimento das propostas que vos apresentamos. Assim, todos devem aprender a melodia. Se o professor preferir (no caso de ser uma aula de música, por exemplo), pode ensinar a canção antes de explorar as outras propostas que sugerimos. Ajuda muito na memorização. Em primeiro lugar, todos devem cantar toda a canção até estar tudo memorizado e seguro. Depois, mantendo a ideia da distribuição das personagens, os alunos podem cantar apenas a parte que lhes cabe. Podem também ser incluídas novas personagens (apelar à realização de rimas, respeitando o número de sílabas de cada verso).
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Podem experimentar musicar a história criando uma espécie de banda sonora. Podem usar a boca e o corpo, mas também podem explorar objetos e instrumentos que tenham por perto para criar ambientes, descrever ou enfatizar com som algumas partes da história (o som da floresta no início da história, o som das formiguinhas, criar uma melodia atrevida para a raposa, chorar como a pulga, fazer sons assustadores quando vem o lobo, fazer o som das galinhas a fugir da raposa, etc…)
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No documento “Expressões plásticas” são apresentadas algumas formas simples de recriar as personagens do conto. Pode ser escolhido apenas um dos recursos para representar todas as personagens (ex: as sombras ou o stop motion) ou então escolher um recurso para cada uma das personagens. Cada criança (ou um grupo de crianças) escolhe qual a personagem que irá manipular e interagir com a história.
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À semelhança dos exemplos dados anteriormente, as crianças podem ser divididas em grupos e, utilizando todos os recursos sugeridos, podem ser feitas apresentações para a turma. Se for possível, podem até acrescentar figurinos, máscaras, adereços, criar um pequeno cenário, fazer tudo com fantoches, etc. Podem e devem usar a criatividade e aproveitar os recursos que tiverem ao vosso dispor para brincar com a história, explorar a canção, a liberdade criativa e a expressividade física.
A CANÇÃO
“As Bodas da Pulga e do Piolho” trata-se de uma canção infantil proveniente de Miranda do Douro. A parte da festa que podem ouvir depois da canção trata-se de uma alvorada originária de Vinhais.
As alvoradas, muito comuns no nordeste transmontano, são normalmente tocadas na gaita-de-fole acompanhada pela caixa e pelo bombo. Tal como o nome indica, são tocadas de manhã muito cedo para despertar toda a gente em dias de festa.
As Bodas da Pulga e do Piolho
Quadras alternativas
A Pulga e o Piolho
Queriam-se casar,
Queriam fazer bodas,
Mas não tinham que gastar.
Lá saiu a Formiga
Do seu formigal,
- Sigam-se essas bodas
Que eu pão irei buscar.
- Ai da minha vida
Por pão já não tememos,
Gaiteiro da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá saiu o Grilo
Debaixo de um terrão:
- Sigam-se essas bodas
Que eu toco gaita e bordão.
- Ai da minha vida
Por gaiteiro não tememos,
Galinha da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá saiu a Raposa
Do seu raposal,
- Sigam-se essas bodas
Que eu galinha irei buscar.
- Ai da minha vida
Por galinha não tememos,
Azeite da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá saiu a Coruja
Do seu corujal:
- Sigam-se essas bodas
Que eu azeite irei buscar…
- Ai da minha vida
Por azeite não tememos,
Carneiro da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá saiu o Lobo
De lá do seu lobal:
- Sigam-se essas bodas
Que eu carneiro irei buscar.
- Ai da minha vida
Por carneiro não tememos,
Padrinho da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá saiu o Rato,
À porta do moinho:
- Sigam-se essas bodas
Que eu irei ser o padrinho.
- Ai da minha vida
Por padrinho não tememos,
Madrinha da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá saiu a Cigarra
Pela sua espiga acima:
- Sigam-se essas bodas
Que eu irei ser a madrinha.
Ai da minha vida
Por madrinha não tememos
Dançantes da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá saiu o Sapo
De lá do seu buraco:
- Sigam-se essas bodas
Que eu danço por três ou quatro.
Lá saiu o Barbeiro,
De lá do seu salão,
- Sigam-se essas bodas
Que eu apararei esse bigodão!
Ai da minha vida,
Do bigode não tememos,
Chouriço da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá veio o Careto,
Sempre a chocalhar,
Sigam-se essas bodas
Que eu chouriço vou roubar.
Ai da minha vida,
Por chouriço não tememos,
Colãs da minh’alma
Onde nós arranjaremos
Lá saiu o Super Herói,
Da lá da sua caverna,
Sigam-se essas bodas,
Que estes colãs não ficam nada mal na sua perna!!!!
Ai da minha vida,
Por colãs já não tememos,
Lua de mel da minh’alma
Onde nós arranjaremos…
Lá chegou um E.T
No seu disco voador,
Sigam-se essas bodas,
Que eu levo-vos para o espaço exterior.