Em terra seca
Búzios
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- Nabos e Giriboila -
NABOS & GIRIBOILAS
EM MIRANDA DO DOURO A BRINCAR COM A COZINHA
Ficha Artística e Técnica
Intérpretes/Criadores
Antony Fernandes
Carmina Repas Gonçalves
Daniela Leite Castro
Pedro Almeida
Pauliteiros de Palaçoulo
Alfredo Delgado
Armando Santos
Francisco Jambas
Gabriela Rodrigues
Gonçalo Ramos
Gonçalo Rodrigues
Gualdino Raimundo
Maria Solano
Miguel Lopes
Ricardo Silva
Ruben Freire
Vítor Martins
Xavier Rodrigues
Com a participação especial de:
António André
Bárbara Fráguas
Míriam André
Agradecimentos
Avelina Rodrigues
Vítor Rodrigues
António André
Bárbara Fráguas
José Jambas
Carla Castelhano
Sabina Martins
Caramonico - Associação para o Desenvolvimento Integrado de Palaçoulo
Câmara Municipal de Miranda do Douro
Captação e edição de imagem
Abel Andrade
Captação de som
Ricardo Torres
Edição e montagem de som
Daniel Santos e Ricardo Torres
Elaboração de conteúdos pedagógicos
Carmina Repas Gonçalves
Direção Artística e produção
Projecto Cardo
Músicas
Mirai qu'Alforjas
Miranda do Douro
Reza para fazer pão
Miranda do Douro
Giriboilas
Miranda do Douro
Vilhano de Çamora
Miranda do Douro
Filmado em Miranda do Douro
Apoio
Câmara Municipal de Miranda do Douro
Direção Geral das Artes
República Portuguesa
Objetivos específicos
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Ficar a conhecer um pouco sobre cultura mirandesa
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Cantar em mirandês
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Explorar e preencher o acompanhamento de canções com ritmos e timbres
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Potenciar a cozinha enquanto espaço de convívio e criatividade
Miranda do Douro
“De origem muito antiga foi ocupada pelos romanos e mais tarde no séc. VIII pelos árabes que lhe deram o nome de “Mir Andul”, que posteriormente derivou para Miranda. A sua localização junto à fronteira conferiu-lhe o estatuto de importante ponto estratégico de defesa, tendo o primeiro rei de Portugal D. Afonso Henriques no séc. XII mandado construir o castelo e a cerca de muralhas, que se transformou numa verdadeira Praça de Armas. No séc. XVI foi elevada à categoria de cidade e de sede do Bispado de Trás-os-Montes, entrando numa fase de prosperidade em que se construíram grandiosos edifícios como a igreja de Santa Maria Maior (…). No séc. XVII com as Guerras de Restauração da independência de Espanha, e mais tarde durante as invasões francesas, a cidade sofreu muitos revezes e perdeu grande parte da sua importância. Miranda do Douro é célebre pelo seu folclore colorido e animado – os Pauliteiros de Miranda com o seu trajo típico de saias, executam a dança do pau acompanhada pela gaita de fole (…). Destaque ainda para o “mirandês”, língua oficial portuguesa que se fala nesta região e, na gastronomia, para a “posta mirandesa”, confecionada com a excelente carne dos bovinos criados nesta região.”
In “visitportugal.com”
Tradutor de Português - Mirandês / Mirandês - Português - Portal de Miranda do Douro - Dicionário de Mirandês
Sugestões de exploração dos conteúdos do vídeo em casa ou em sala de aula:
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Começar por fazer uma pesquisa e descobrir curiosidades sobre Miranda do Douro: onde fica, como se fala, o que lá há, como é a paisagem e que animais lá vivem, como são os mirandeses. Neste vídeo procurámos refletir o carácter da cultura local (a rudeza, a força, o isolamento, a bondade, a generosidade, o orgulho, a beleza da natureza, etc), mas há muitas outras coisas que caracterizam este território e a sua população. Mostramos também algumas coisas importantes e características do planalto mirandês, nomeadamente o orgulho e a importância de ser pauliteiro, o gosto pela sua própria cultura (música, língua, etc), alguns costumes (arruadas, peditórios, patuscadas) e o enorme gosto por festejar e comer. Não é por acaso que tantas canções mirandesas falam de comida. É importante que as crianças percebam que são tradições que existem, que estão vivas e que são protegidas e perpetuadas pelos próprios mirandeses e que valem a pena conhecer de perto. São elas que fazem de Miranda do Douro o sítio que é. É de salientar ainda que, quer em Portugal, quer em Espanha, era muito vulgar utilizar-se uma grande variedade de utensílios domésticos para fazer música em dias de festa. As pessoas faziam música com o que havia e tudo servia para animar uma boa tarde de domingo.
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Depois de ver o vídeo e recolher as opiniões das crianças (se gostaram, porquê, o que é que as surpreendeu ou deixou curiosas, etc), chamar a atenção para as possibilidades sonoras de um espaço como a cozinha. Desde pequenos que fazemos companhia aos nossos pais enquanto eles preparam refeições e a verdade é que grande parte do tempo que passamos em família ou entre amigos, acaba por ser a preparar refeições ou a comer. A comida e a cozinha têm por isso um enorme potencial para bons momentos de diversão e criatividade. Se pensarmos bem, um bebé de meses quando está à mesa explora os sons que pode à sua volta na sua cadeira de refeição, ou na frequente desarrumação dos armários das panelas e dos tupperwares. Completando todos estes magníficos instrumentos, temos os talheres, as colheres de pau, as tampas, a água e as clássicas mixórdias que as crianças adoram fazer com restos de cascas, detergente, papel e outras coisas parecidas. O que fazemos neste vídeo pretende recuperar e lembrar professores e famílias destas possibilidades e incentivar a prática musical durante as tarefas às quais dedicamos mais tempo: cozinhar e comer.
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Reunir materiais e objetos que se possam encontrar numa cozinha: tachos, tampas, tupperwares, colheres de pau, copos, taças metálicas, talheres. Se quiserem podem usar legumes, feijões secos, massa, arroz e outros alimentos que possam produzir sons diferentes. Dispor mesas em fila ao longo da sala, em “U” ou, se couberem todos, à volta de um enorme quadrado de mesas. Deixar as crianças, de forma organizada, explorar os diferentes objetos. Podem dividir-se em pequenos grupos (uns experimentam, outros ouvem) ou explorar os sons todos de uma vez sem que se torne caótico. Incentivar as crianças a esgotar as possibilidades de cada objeto (bater, raspar, agitar, usar as mãos, usar a mesa, usar outros objetos) ajudando-as a verificar que o material e o tamanho de cada um deles produz um som diferente (metal, plástico, madeira, etc). Se for um grupo muito indisciplinado, pode fazer sentido colocar menos objetos no início do exercício e ir acrescentando mais aos poucos. Às vezes ter excesso de estímulos pode criar confusão e dispersão. É importante mencionar que devem prestar atenção aos sons que cada objeto produz para poderem fazer o exercício seguinte.
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Sugerimos que, à semelhança do processo de apropriação de objetos que fazemos no vídeo, façam um jogo de sensibilização sonora com as crianças: fechar os olhos e adivinhar que objeto produziu determinado som e porquê; fechar os olhos e pelo toque adivinhar qual é o objeto, etc. É interessante e importante que elas respeitem os objetos, que estejam atentas e despertas para as suas possibilidades tímbricas e dinâmicas.
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Colocar as crianças todas à volta da mesa para criar um ostinato rítmico. Um ostinato rítmico é uma sequência ou padrão que se repete as vezes que forem precisas ao longo da música ou do exercício. Deve ser o adulto a iniciar o ostinato por uma questão de regularidade rítmica. À medida que as crianças se forem habituando a fazer o exercício, podem ir experimentando trocar a pessoa que segura o grupo ou até dar essa responsabilidade a um pequeno grupo de 3 ou 4 crianças. A primeira pessoa instala uma pulsação regular ou um ritmo muito simples com 2 pulsações (como a que se pode observar no vídeo no minuto 7,40’ – ritmo realizado pelo alho francês). No sentido dos ponteiros do relógio, cada criança vai acrescentando uma camada tímbrica e rítmica ao ostinato, enriquecendo-o e tornando-o mais interessante. O adulto pode coordenar a entrada de cada criança no ostinato, com calma para não ficar confuso ou, caso sejam crianças com hábitos musicais, podem decidir de quanto em quanto tempo entra cada criança (de 4 em 4, de 8 em 8 pulsações, por exemplo). Uma das principais dificuldade deste exercício é conseguir que cada criança crie alguma coisa que não seja igual ao que outra criança fez. Deve-se procurar preencher o espaço vazio da frase rítmica ou, caso se trate do mesmo ritmo, que pelo menos seja realizado por um objeto que produza um som muito diferente. Cada criança deve ser capaz de esperar pela sua vez. O mais difícil é começar (porque tem de ser alguém capaz de manter o tempo) e acabar (porque à medida que se vai preenchendo o ostinato, vai-se tornando mais difícil acrescentar algo novo). Assim, sugerimos que vão trocando a ordem das crianças para não serem sempre as mesmas a acabar ou a começar.
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Uma outra possibilidade para a exploração tímbrica e rítmica destes objetos, é dividi-los em secções, como se fosse uma pequena orquestra: tachos grandes; coadores; talheres; grãos; tupperwares, etc. Podem escolher a forma como organizam os objetos e é interessante que decidam em conjunto (por tamanhos, por material, por forma de produzir som, etc). Não esquecer que podem combinar objetos: duas tampas, um tacho e uma colher de pau, grãos num tupperware, etc. Deste modo, as crianças vão tomando consciência da organização dos sons, das possibilidades que eles oferecem e começarão a ser capazes de compreender como funcionam grandes grupos de músicos como orquestras sinfónicas, baterias de samba etc. Pode ser interessante verem vídeos com exemplos deste tipo de agrupamentos. Depois de divididos os objetos, repetir o exercício explicado no ponto 4 mas desta vez em pequenos grupos. É aconselhável dar algum tempo a cada secção de objetos criada (antes de iniciar o ostinato) para inventar uma frase rítmica única, caso contrário o ostinato ficará muito confuso.
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Depois das crianças trabalharem estes exercícios, podem-se introduzir novos desafios: dinâmicas e pausas. O professor com um gesto pode pedir para tocarem mais forte ou mais piano, pode ordenar paragens e reinícios. São horas de diversão. Em todos estes exercícios é importante incentivar à escuta, ao controlo do volume e à busca do equilíbrio musical do exercício. É contraproducente permitir que as crianças se sirvam do mesmo para criar confusão ou ruído. Fazer música não pode ser fazer barulho, mesmo que os objetos convidem ao disparate. Se for um grupo difícil, é importante encontrar estratégias para não dar aso ao descontrole: dar objeto apenas a metade do grupo (criança sim, criança não) obrigando-as a esperar a sua vez com disciplina, por exemplo. No entanto, em momentos estratégicos para a manutenção da concentração e interesse, pode ser importante deixar o exercício chegar ao limite da confusão, da velocidade e do descontrole (à semelhança do que acontece no vídeo no fim da canção das Giriboilas).
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A seguir, sugerimos que aprendam as músicas e a reza para a fermentação do pão, uma de cada vez. Para cada uma podem seguir o mesmo formato de exploração. Primeiro só cantar a canção ou dizer a reza fazendo-a encaixar na pulsação (como fazemos no vídeo); depois um grupo canta, outro toca apenas a pulsação; depois troca; depois experimentam fazer o exercício descrito no ponto 4 cantando a música; depois o do ponto 5. Se for informação a mais para o grupo, sugerimos que dividam sempre tarefas: quem canta mantem apenas a pulsação muito baixinho e o outros acrescentam camadas rítmicas; depois trocam.
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Na canção das Giriboilas sugerimos que experimentem cantar em canon, como acontece no vídeo. Cantar em canon significa cantar a mesma canção com dois ou mais grupos de pessoas, começando um deles antes do outro. No vídeo fazêmo-lo em três grupos ao minuto 12,30’ (Tengo giri; Tengo giri; Tengo giri), mas pode ser feito apenas com dois. É um exercícios difícil e desafiante porque exige uma grande concentração e segurança, mas é muito divertido. Podem também experimentar inventar novas quadras para a canção. É muito simples e muito divertido. Por exemplo: tengo giriboilas guisadas cun nabiças, bamos a comé-las que son buônas com chouriças.
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Por fim, incentivar as crianças a provocar as suas famílias a fazer a mesma brincadeira em casa. Estar em família a preparar uma refeição e a brincar com uma canção é muito divertido e o tempo passado com trabalhos domésticos torna-se também menos penoso e chato. Temos menos tempo uns para os outros, há que encontrá-lo nas coisas simples.